Um fato inequívoco (há pesquisas que atestam isto) é que as redes sociais influenciam diretamente no crescimento do número
de cirurgias plásticas e procedimentos estéticos no Brasil, sobretudo em jovens e adolescentes – faixa etária mais presente
no meio virtual.
Durante a quarentena, assuntos como Lipo HD, silicone,rinoplastia e harmonização facial dominaram as redes sociais,
principalmente o Instagram. No Google, dispararam as buscas pelas intervenções estéticas mais divulgadas pelos famosos.
Os padrões de beleza impõem a chamada corponormatividade, onde somente corpos dentro do padrão considerado “normal” ou
“ideal” são vistos como bonitos e saudáveis. Já as pessoas fora do padrão são classificadas como desleixadas, não saudáveis e sujas.
Logo, a consequência disto é o aparecimento do sentimento de exclusão, e a solução encontrada por muitos é a recorrência às
cirurgias plásticas onde, muitas vezes, a saúde é relativizada em função do corpo perfeito.
De acordo com a Academia Americana de Cirurgia Facial Plástica e Reconstrutiva, mais de 50% dos cirurgiões relataram ter visto
pacientes solicitando procedimentos para “melhorar sua aparência em selfies”.
Com o boom da divulgação de procedimentos assim por influenciadores digitais, uma das preocupações dos especialistas
da área é a banalização. O que não podemos esquecer é que boa parte (dos influenciadores) não paga pelas cirurgias em troca da
divulgação da clínica e do médico.
E, por se tratar de uma parceria ou propaganda, muitas vezes eles não falam sobre os riscos, o pós-operatório, possíveis
complicações de cicatrização, gastos envolvidos e outros aspectos.
(…)
Concluindo, a manutenção dos padrões estéticos ainda se relaciona diretamente com o aumento no número de distúrbios
alimentares e psicológicos em jovens, que se comparam com personalidades famosas e buscam ser aceitos socialmente. E a
situação se agrava quando se leva em conta que, nas redes sociais, é comum a manipulação de imagens e o uso de filtros. Ou
seja, muitas vezes estas pessoas prejudicam sua autoestima se comparando com corpos que nem existem na vida real.
Antes de se sujeitar a uma cirurgia plástica ou algo que a valha, reveja seus conceitos e pondere sobre estar se curvando perante
padrões impostos. E, sempre, consulte um especialista que te avalie e aconselhe com honestidade.